Jaden voltou para a cerimónia depois de ter conseguido, ou apenas tentado, assimilar tudo o que se tinha passado na floresta. Não sabia o que pensar, nem o que fazer perante aquele convite de Anon. Seria aquilo um sonho? Uma brincadeira? Ou tudo aquilo tinha sido real? Thomas não ser quem ele pensava que era, e transformar-se num tigre selvagem, tentando torna-lo mais uma vítima dos inúmeros homicídios que tinham ocorrido na cidade. Depois aparecer um rapaz que lhe diz que tem um dom especial, e que nem sequer é humano?
No meio daquela tempestade elétrica de pensamentos, ideias e expeculações, nem tinha reparado que já tinha chegado à porta de universidade. De lá de dentro ouvia-se uma música clássica que revolvera as suas entranhas. Entrou no salão, sentindo todos os olhos postos em si.
- Onde é que estiveste? Olha para tua cara! Olha para a tua roupa! – Daisy ficou embasbacada ao ver a figura de Jaden. A sua cara estava meia suja de terra, a camisa estava manchada e meia rasgada e o cabelo descomposto. – O que é que te aconteceu? – Insistiu Daisy, puxando-o para um canto onde ninguém os pudesse ver.
- É uma longa história… - respondeu Jaden, o seu peito a arfar incessantemente. – Se te contasse não acreditarias…
- Mesmo assim… conta-me!
Jaden suspirou impacientemente, enquanto esfregava a cara, levando manchas de terra à sua mão. Nesse instante, surgiu a professora de Contabilidade, com o seu vestido longo de pele a rastejar pelo chão, e um chapéu enorme.
- Ah, ainda bem que a encontro menina Hudson, tenho andado à sua procura, os jornalistas querem… CÉUS! O que é que lhe aconteceu rapaz?
Jaden mirou a professora com um olhar cansado, porém, a sua voz saiu-lhe mais avidamente do que nunca.
- Caí… eu vou para casa…
- Já? Mas ainda é tão cedo! – exclamou Daisy, desapontada, recebendo tristemente o beijo carinhoso de Jaden, pelo que a professora virou rapidamente o olhar para uma jarra exposta ali perto.
Porém, Jaden limitou-se a não responder, e a perfurar novamente os inúmeros grupos de estudantes que se viam obrigados a interromper as suas conversas ou as suas danças, para mirarem o rapaz todo sujo e descomposto. Tal como esperava, quando chegou a casa, as luzes ainda estavam acesas, pelo que percebera que era realmente muito cedo.
- Filho? – inquiriu a mãe, acordando de um sono leve no sofá. – Já chegaste? Mas que horas são?
- Eu… eu vim mais cedo. Não me estava a sentir muito bem…
- Então? Queres que eu te prepare um chá? – Devido à sua sonolência, nem tinha reparado no estado do filho, pelo que Jaden aproveitou para se dirigir lentamente para o quarto.
- Não, isto… isto passa. Bebi uns copos a mais, só isso… - mentiu.
- E falas disso com a maior naturalidade! Jaden, sabes que para te divertires não é preciso beberes!
Mas entretanto, a porta do seu quarto fechara-se, e a voz da sua mãe cessou. Tinha a cabeça a latejar, tal como a marca e o braço perfeitamente cicatrizado. Deitou-se na cama e fechou os olhos energeticamente. Nem podia acreditar no que lhe tinha acontecido naquela noite. Por alguns instantes, a frase de Anon veio-lhe à cabeça, submergindo a sua mente por completo.
“Vem ter comigo, e eu explicar-te-ei tudo o que tu precisas de saber para… acreditares… “
Olhou para o seu braço esquerdo, vislumbrando a marca em forma de espiral. Já não se debatia, nem se contorcia. Encontrava-se quieta como sempre estivera há dias atrás, nem mudar de cor, nem de forma. Seria aquilo verdade? Será que possuía realmente um dom que lhe era desconhecido até então? Foi então que se lembrou do dia em que atirou o seu colega contra o muro. Não seria qualquer pessoa a conseguir atirá-lo para dez metros de distância… nem seria qualquer pessoa a ter uma marca de nascença tão invulgar. Estariam aqueles acontecimentos relacionados?
Incalculáveis questões sem resposta debatiam-se no seu íntimo, fazendo a sua cabeça latejar ainda mais. Encolheu-se na cama, e só se tornou a levantar quando o sol espreitou pela ínfima fresta de estore aberta.
4 comentários:
Foi de facto um grande final, como sempre, que nos leva á curiosidade e agora ao obvio, que ele vai ter com ele ou pelo menos tem isso em mente...
Uma escrita maravilhosa que espero continuar a ler no proximo....
(Adorei os diálogos, foi bom da tua parte pores ali uma professora para dar os promenores ao ambiente :D )
Juro-te, amei este capítulo, descreveste na perfeição a situação, TUDO!
A maneira como o Jaden falava, ou melhor, a maneira como escreveste os diálogos, principalmente as falas dele, estavam mesmo muito boas, dava para perceber que o mau estado dele não era simplesmente físico, mas também (e maioritariamente) psicológico.
Eu pelo menos acho isto porque tipo, a maneira como ele falava, parecia confuso, hesitante,o que é normal, depois de lhe ter acontecido aquilo O.O
Ah, e adorei a mãe dele, com o "E falas disso com a maior naturalidade! Jaden, sabes que para te divertires não é preciso beberes!" HAHAHAHA Sabe, senhora mãe do Jaden, isso depente das pessoas HAHAHAHAHAHAHA *dies*
Estes dois caps tão UOU Mas memso UOOOOOU! A descrição, as fotos, os diálogos!!!
Quando vi a parte do beijo carinhoso fiquei WTF mas depois lembrei-me logo "ah pooois, eles beijaram-se e tal, e agora e tudo puffy fluffy love dovey". Tinha-me esquecido com a acção toda! lol Enfim a reação da stora foi épica xD
A mãe do Jaden em relação as bebidas PFFFFFT *junta-se ao desi* O desi tem razão senhora mae do jaden... depende... *desi e mats levam patada da mae do jaden e dan*
Eu estou a adorar esta serie :D
Agora e que Jaden está a compor tudo na cabeça dele, estou ansioso que ele comesse a ter as aulas :D
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