26º Capítulo – Uma Atitude Invulgar

Jaden caminhava pela universidade como um se fosse um robô programado à distância. Desviava-se mecanicamente dos obstáculos que se lhe deparavam e não tinha consciência do caminho que tomava; as suas pernas pareciam ter assumido vida própria.

Apesar daquele transe estranho em que se via envolvido, conseguia ouvir e sentir as pessoas observarem e comentarem-no à sua volta. Se, por um lado, o que escutava não passava de burburinho nos seus ouvidos, por outro conseguia distinguir as frias palavras que as pessoas utilizavam para o caracterizar. Isso não o incomodava particularmente; a única coisa que tinha em mente era a conversa com Nathan que, posteriormente, ele próprio transformara numa discussão. Não se sentia arrependido, antes pelo contrário. Sentia raiva de si mesmo por não ter dado um murro ao colega. Era definitivamente o que ele tinha merecido.

Os seus pensamentos flutuaram para Thomas como o fumo se evapora no ar. A imagem ruiva de Nathan ondulou pela sua mente até não passar de um rasto infeliz. O rosto incerto do “rapaz estranho” invadiu-lhe a mente. Não sabia porque todos o julgavam sem o conhecer. Thomas podia ser esquisito e pouco sociável, mas fora apoia-lo quando Jaden quase espancara o rapaz no pátio da escola. Parecia que Nathan não assimilava isso. Sabia que era apenas uma questão de tempo até Daisy começar a criticá-lo pela mesma razão, e Jaden não sabia se ia aguentar mais uma daquelas desagradáveis investidas. Desnorteado e irritado, deu um valente pontapé numa caixa de cartão que lhe impedia a passagem. O caixote voou, indo aterrar mesmo ao lado de um rapaz finalista que fulminou Jaden com o olhar. Mas este nem reparou. Continuou a sua caminhada, com as suas pernas a comandá-lo em vez do cérebro.

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Por seu turno, Nathan encontrava-se a vaguear pelo corredor que dava acesso à saída para o pátio interior. Quando deu por si, estava a ir contra um rapaz alto e musculado, que detinha debaixo do braço uma bola de Rugby. Olhou-o com um olhar feroz, e por momentos, pensou que lhe ia dar um murro. Talvez até merecesse, já que o Jaden não me deu um, pensou. Pediu desculpa ao rapaz e tentou procurar Daisy, com sucesso. A colega encontrava-se encostada a uma árvore, a mexer no seu telemóvel. Nathan juntou-se a ela e suspirou.

- O que se passa? – perguntou Daisy, guardando o telemóvel.

- O Jaden voltou a chatear-se comigo! – a colega franziu a testa, como sinal de reprovação. – Mas eu não fiz nada, pah! Apenas o tentei chamar à razão sobre um rapaz com quem ele anda a falar, e ele explodiu! Começou a gritar-me, até pensei que me ia espancar logo ali!

- Tem calma… ele pode estar com problemas.

Nathan denotou uma expressão abatida, enquanto arrancava ervas daninhas da relva.

- Não fiques assim – tentou Daisy animá-lo, mas sem sucesso. – Embora eu tenha de admitir que ele anda realmente estranho! Ontem no cinema, e na esplanada, e quando veio da casa de banho ao jantar, não disse nem uma palavra! Estava com um ar pensativo, e quando um de nós se dirigia a ele, ele parecia que ficava… irritado.

- É, não é? Eu também reparei! Ele está-me a assustar, nem parece a mesma pessoa! O que achas que possa ser?

Daisy respirou fundo e endireitou-se. Os seus olhos azuis lacrimejantes olharam em redor, como se estivesse a pensar numa resposta para dar a Nathan, que a olhava fixamente como uma criança à espera de uma história.

- Não faço ideia…

- Oh… - fez Nathan, voltando a baixar a cabeça e a arrancar ervas do solo.

- Só se… - continuou Daisy.

- Sim? SIM??

- Só se eu falar com ele!

Nathan fez uma expressão desiludida, mas ao mesmo tempo pensativa pela ideia de Daisy.

- Oh, bem… boa sorte com isso! Pelo menos ele não te pode bater, és menina!

- Não sejas estúpido! – exclamou, olhando-o com uma expressão repreensiva. – Vou falar calmamente com ele… talvez… talvez ele me oiça a mim! O que eu sei é que isto não pode continuar, senão ele ainda se isola, e isso é complicado!

- O que queres dizer?

- Se ele se isolar, pode dar em doido! Pode sucumbir a alguma depressão! – diante estas palavras que acabara de dizer, abanou a cabeça energeticamente e ajeitou a bandelete. – O que é que eu estou para aqui a dizer? Parece uma daquelas tua teorias… eu… eu vou mas é falar com o Jaden. Agora!

E perante a expressão ofendida de Nathan, levantou-se, pegou na sua mala, e encaminhou-se para o interior da Universidade, num passo apressado e decidido.