22º Capítulo - O Portal


Jaden encaminhou-se num passo vagaroso para o interior do que aquela porta resguardava. De repente, um negrume denso cobriu-lhe os olhos, e um cheiro a mofo inundou-lhe as narinas. O chão que pisava parecia de uma pedra áspera e suja, com restos de galhos e folhas de árvores ressequidas. Tirou o telemóvel do bolso e ligou-o, na esperança de iluminar o seu caminho. Uma ténue luz brotou do ecrã, iluminando um pouco daquele que parecia ser um corredor. As paredes encontravam-se sem tinta, e o chão estava, de facto, velho e sujo, com uma espessa camada de pó a cobri-lo, sobre a qual gatinhavam pequeno ratos e aranhas.
Mas a luz tímida que provinha do telemóvel desapareceu rapidamente, e não voltou a acender-se, pois a bateria fracassou. Mas para espanto de Jaden, aquele corredor não voltou a mergulhar na imensa escuridão. Agora, era fustigado por uma luz esverdeada, causando um aspeto ainda mais fantasmagórico àquele lugar. Sacudiu os braços e andou na direção da luz. Esta parecia ser emanada por detrás de uma outra porta. Aproximou-se e abriu-a quase que instantaneamente. O que mais podia ele ver para além de escuridão?


Ao abrir a porta, que era muito mais conservada do que a primeira, a luz verde intensificou-se ainda mais, e o estômago de Jaden quase que deu uma cambalhota. No interior daquela passagem encontrava-se outro corredor, mas muito mais largo, límpido e moderno. Toda aquela divisão era coberta por uma pedra espelhada de cor preta, com ligeiros reflexos verdes. Nas paredes havia cavidades onde se encontravam estátuas que seguravam cálices enormes que suportavam chamas crepitantes e esverdeadas. Jaden desceu as escadas, e a porta atrás de si fechou-se num ápice.
O único som que se ouvia era a sua respiração descompassada, e o som do fogo que provinha das estátuas. As mesmas pareciam homens com uma cabeça de cão, fazendo lembrar esculturas de Anubis, mas muito mais modernas, e com uma textura macia e brilhante.
- Olá? – chamou Jaden, a sua voz percorreu todos os cantos daquele corredor, fazendo as chamas dos cálices que as estátuas seguravam aumentar de tamanho, e mudando para um verde mais intenso.
Ao fundo do corredor achavam-se erguidos dois postes, da mesma cor e textura das paredes, e entre eles uma espécie de véu de luz que ondulava vagarosamente, criando reflexos tremeluzentes nas paredes de mármore, como se fosse um fino lençol de água cristalina.


Hipnotizado com a beleza daquela espécie de portal, Jaden aproximou-se e ergueu a sua mão, a fim de lhe tocar. A luz que de lá provinha encandeou os seus olhos e à medida que se aproximava vozes iam irrompendo, chegando aos seus ouvidos como um sussurro, embora ele não conseguisse perceber o que elas diziam. Pareciam falar numa linguagem desconhecida.


Os seus dedos iam-se aproximando cada vez mais daquele lençol de luz, mas quando estava prestes a tocar-lhe, outra mão agarrou o seu pulso. Uma mais firme e carnuda, apertando-lhe o punho com uma força que fez com que Jaden acordasse daquela espécie de transe. Olhou rapidamente para a pessoa que o segurava: o seu olhar fitava o de Jaden de uma forma tão profunda que o inquietou imenso.
- Se eu fosse a ti não fazia isso… - a sua voz ressoou pelos seus ouvidos, tal e qual como as que provinham daqueles dois postes, mas muito grave e rigorosa.
- Thomas?
- Olá, Jaden… - a sua tranquilidade perante aquela situação era quase arrepiante, a sua mão continuava a envolver o pulso de Jaden com firmeza.
- Que… q-que lugar é este? Larga-me!
- É um lugar intrigante, não achas? Onde achas que estamos?


- Não sei… mas é muito estranho, Principalmente isto – a mão de Jaden voltou a aproximar-se do lençol de luz, pelo que Thomas lhe voltou a impedir, agarrando-lhe o pulso. – Au! Estás-me a aleijar!
- Volto a repetir: se eu fosse a ti, não tocava aí…
- Mas porquê?
- Confia em mim! Vieste aqui parar como?
- Isso gostava eu de saber. E tu? O que estás aqui a fazer, também?


- Oh, nada… - a voz de Thomas voltou a um tom tão tranquilo como o de quem discute o estado de tempo, olhando em redor para contemplar as estátuas que ladeavam aquele corredor colossal. – É um bom lugar para pensar não achas?
Jaden fitou Thomas pela primeira vez de uma maneira tão intensa como este lhe olhara sempre. De súbito pareceu descer à terra e tomar consciência de onde realmente estava. Uma dor percorreu o seu pescoço, trepando-lhe até à cabeça, pelo que levou a mão à mesma.
- Olha eu vou andando! Não sei que lugar é este mas também não quero saber…
- Isto é a sala de um Museu, Jaden… é uma sala de um Museu!


Thomas quase que sussurrou ao ouvido de Jaden aquela última frase com um ênfase quase arrepiante. A sua voz entrou nos seus ouvidos, sendo absorvida rapidamente.
- Certo… eu vou andando…
E com isto, encaminhou-se para a entrada e saiu rapidamente daquele sítio, sentindo ainda um arrepio a percorrer-lhe a barriga.

4 comentários:

o blog disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João disse...

Hummmmm, não parece um museu, nada mesmo.
Eu acho que o thomas o está a enganar, acho mesmo. Isso é mais um portal para o mundo paralelo!
Como sempre, amazing, ADOREI!

mmoedinhas disse...

COncordo a 100% com o Desi!
Thomas, cada vez que apareces mais suspeitas! Mas umas coisa que adoro é como o cabelo dele parece mudar de cor sempre que a luz e diferente no local onde estão xD
MAIS MUSICA ÉTNICA! WEEEEE
AMEI *.*

Mr.Lis disse...

Estou com a mmoedinhas concordo 100% com o Desi!
Vamos la ver o que vai acontecer a seguir...
Estou ansioso por ver *.*

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