Jaden permaneceu encostado à árvore durante alguns segundos, o seu peito a arfar convulsivamente. Sentia os olhos de todos os alunos da Universidade postos em si, enquanto olhava para o rapaz que entretanto já se encontrava rodeado pelos amigos. O seu corpo parecia jazer, imóvel, enquanto os companheiros o tentavam reanimar, infrutiferamente. Estaria morto?
O suor escorria-lhe pela testa que nem riachos numa torrente incansável. O espectro de cores ia desaparecendo dos seus olhos, e uma sensação de calma ia-lhe suturando o coração. Quase que nem ouvia ninguém à sua volta, nem sequer os mais desagradáveis comentários a seu respeito. O ardor nos seus braços ia diminuindo, e a fúria que outrora sentia ia-se desvanecendo num tumulto de sentimentos de culpa.
Ao longe, ainda encostado a um poste, como se nem tivesse dado conta do sucedido, encontrava-se Thomas, agora com a revista fechada. Olhava Jaden com um ligeiro sorriso na cara, como se tivesse gostado daquele confronto. Mas não demorou muito tempo até sair de onde se encontrava e perfurar a multidão, apressado, e encaminhando-se para o interior da Universidade.
Até que Daisy e Nathan se dirigiram até si, num passo acelerado, ambos com uma expressão de preocupação no rosto, embora Daisy se demonstrasse mais alarmada do que o colega. Este parecia até abafar um riso infantil ao olhar para o rapaz estendido no chão.
- Então meu, estás bem? – indagou Nathan, colocando amigavelmente a mão no ombro de Jaden.
- Estou – murmurou ele, ajeitando a roupa que estava amarrotada e repuxada em vários pontos.
Daisy, que o estava a ajudar a compor-se, fez uma careta reprovadora. Jaden reconheceu nela a expressão que a sua mãe ostentava quando ele fazia alguma asneira. De súbito, sentiu que tinha 10 anos e estava prestes a ser repreendido por ela. Indubitavelmente, foi o que Daisy se encarregou de fazer.
- Francamente! Nem pareces tu a andar à bulha com outro rapaz! O que é que te deu?
Jaden ignorou, fingindo alinhar o cabelo. Nathan pôs-se a observar a massa de alunos que agora dispersavam em várias direcções. Avistou a rapariga ruiva que acompanhava Daisy quando ele a interpelara. Sentiu-se estupidamente intimidado e rodou 90 graus sobre os calcanhares, de modo a ficar parcialmente oculto por Jaden. Já este levava a mão ao nariz para ver se estava a sangrar. Obteve a sua resposta quando Daisy deu um gritinho.
- Estás a sangrar! – guinchou.
Jaden sentiu um líquido morno e vermelho-escuro escolher-lhe pelo dedo. Aceitou de bom grado o lenço que Nathan lhe estendeu e enxugou o nariz. Sentia-o arder com ligeireza. De imediato, o branco do lenço tornou-se encarnado.
- Preciso de ir à casa de banho – disse.
- E nós vamos contigo! – informou prontamente Daisy.
Ambos encaminharam-se rapidamente para dentro do edifício, com Nathan a caminhar atrás deles como um pequeno cachorro obediente.
- Mas porque é que te passaste daquela maneira?
Nathan encontrava-se encostado à parede de azulejos da casa de banho, enquanto via Jaden lavar a cara com água fria. Embora denotasse alguma satisfação por ter visto o rapaz que o provocara estendido no chão, não deixava de ficar surpreendido com a atitude de Jaden.
- Não sei… foi tudo tão estranho…
- Estranho?
- Sim… - Jaden tinha a ligeira sensação de que o espectro de cores que, nem há 20 minutos lhe tapara a visão, permanecia a eclipsar os seus olhos, levando outra demão de água ao seu rosto.
- Não estou a perceber… - disse Nathan, com o sobrolho franzido e com a boca torta, os seus olhos castanhos-escuros a apontar para o lavatório.
- Eu por mais que quisesse manter a calma e segurar-me, não conseguia! Senti uma raiva dentro de mim que me fez fazer aquilo ao gajo… não percebo.
O peito de Nathan começou a arfar, como se estivesse com medo de estar na presença de Jaden.
- Então quer dizer que… naquele dia… eu estive prestes a rachar uma parede com a minha própria cabeça?
Jaden não conseguiu conter um riso ao ouvir aquelas palavras de Nathan. O seu receio genuíno fizera-lhe passar uma visão à cabeça. Se já se sentia culpado por agredir alguém que quase não conhecia, quanto mais um amigo de longa data?
- Achas mesmo, Nathan? – inquiriu Jaden, limpando a cara com papel higiénico. – Desta vez foi diferente. Ele… não sei ele… ele ofendeu a minha mãe! Disse-me, indiretamente, que ela não merecia o cargo que exercia na empresa do seu pai. Aquilo deu-me uma raiva que nem sabes…
- Mas vocês conheciam-se? – perguntou Nathan, pela primeira vez, a sua expressão mantinha-se séria, sem nenhum risinho abafado.
- De vista… ele sempre me provocou, desde os tempos no Liceu. Mas sempre o ignorei! Nunca lhe dei importância… mas desta vez…
Jaden respirou fundo, apoiando-se no lavatório. Fechou os olhos, e por segundos vislumbrou os seus braços, quentes, a empurrarem o peito colega para bem longe da árvore onde se encontravam. Sentia-se fora de si naquela altura, como se nem estivesse a agir de forma racional. Os seus braços pareceram mover-se mecanicamente, e o fogo que os percorreu fê-lo abrir os olhos. Durante instantes reviveu todo aquele acontecimento ocorrido haviam minutos. Como seria aquilo possível? Como é que conseguiu lançar o rapaz para longe e pô-lo inconsciente? Algo inexplicável… um Força inexplicável?
O suor escorria-lhe pela testa que nem riachos numa torrente incansável. O espectro de cores ia desaparecendo dos seus olhos, e uma sensação de calma ia-lhe suturando o coração. Quase que nem ouvia ninguém à sua volta, nem sequer os mais desagradáveis comentários a seu respeito. O ardor nos seus braços ia diminuindo, e a fúria que outrora sentia ia-se desvanecendo num tumulto de sentimentos de culpa.
Ao longe, ainda encostado a um poste, como se nem tivesse dado conta do sucedido, encontrava-se Thomas, agora com a revista fechada. Olhava Jaden com um ligeiro sorriso na cara, como se tivesse gostado daquele confronto. Mas não demorou muito tempo até sair de onde se encontrava e perfurar a multidão, apressado, e encaminhando-se para o interior da Universidade.
Até que Daisy e Nathan se dirigiram até si, num passo acelerado, ambos com uma expressão de preocupação no rosto, embora Daisy se demonstrasse mais alarmada do que o colega. Este parecia até abafar um riso infantil ao olhar para o rapaz estendido no chão.
- Então meu, estás bem? – indagou Nathan, colocando amigavelmente a mão no ombro de Jaden.
- Estou – murmurou ele, ajeitando a roupa que estava amarrotada e repuxada em vários pontos.
Daisy, que o estava a ajudar a compor-se, fez uma careta reprovadora. Jaden reconheceu nela a expressão que a sua mãe ostentava quando ele fazia alguma asneira. De súbito, sentiu que tinha 10 anos e estava prestes a ser repreendido por ela. Indubitavelmente, foi o que Daisy se encarregou de fazer.
- Francamente! Nem pareces tu a andar à bulha com outro rapaz! O que é que te deu?
Jaden ignorou, fingindo alinhar o cabelo. Nathan pôs-se a observar a massa de alunos que agora dispersavam em várias direcções. Avistou a rapariga ruiva que acompanhava Daisy quando ele a interpelara. Sentiu-se estupidamente intimidado e rodou 90 graus sobre os calcanhares, de modo a ficar parcialmente oculto por Jaden. Já este levava a mão ao nariz para ver se estava a sangrar. Obteve a sua resposta quando Daisy deu um gritinho.
- Estás a sangrar! – guinchou.
Jaden sentiu um líquido morno e vermelho-escuro escolher-lhe pelo dedo. Aceitou de bom grado o lenço que Nathan lhe estendeu e enxugou o nariz. Sentia-o arder com ligeireza. De imediato, o branco do lenço tornou-se encarnado.
- Preciso de ir à casa de banho – disse.
- E nós vamos contigo! – informou prontamente Daisy.
Ambos encaminharam-se rapidamente para dentro do edifício, com Nathan a caminhar atrás deles como um pequeno cachorro obediente.
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- Mas porque é que te passaste daquela maneira?
Nathan encontrava-se encostado à parede de azulejos da casa de banho, enquanto via Jaden lavar a cara com água fria. Embora denotasse alguma satisfação por ter visto o rapaz que o provocara estendido no chão, não deixava de ficar surpreendido com a atitude de Jaden.
- Não sei… foi tudo tão estranho…
- Estranho?
- Sim… - Jaden tinha a ligeira sensação de que o espectro de cores que, nem há 20 minutos lhe tapara a visão, permanecia a eclipsar os seus olhos, levando outra demão de água ao seu rosto.
- Não estou a perceber… - disse Nathan, com o sobrolho franzido e com a boca torta, os seus olhos castanhos-escuros a apontar para o lavatório.
- Eu por mais que quisesse manter a calma e segurar-me, não conseguia! Senti uma raiva dentro de mim que me fez fazer aquilo ao gajo… não percebo.
O peito de Nathan começou a arfar, como se estivesse com medo de estar na presença de Jaden.
- Então quer dizer que… naquele dia… eu estive prestes a rachar uma parede com a minha própria cabeça?
Jaden não conseguiu conter um riso ao ouvir aquelas palavras de Nathan. O seu receio genuíno fizera-lhe passar uma visão à cabeça. Se já se sentia culpado por agredir alguém que quase não conhecia, quanto mais um amigo de longa data?
- Achas mesmo, Nathan? – inquiriu Jaden, limpando a cara com papel higiénico. – Desta vez foi diferente. Ele… não sei ele… ele ofendeu a minha mãe! Disse-me, indiretamente, que ela não merecia o cargo que exercia na empresa do seu pai. Aquilo deu-me uma raiva que nem sabes…
- Mas vocês conheciam-se? – perguntou Nathan, pela primeira vez, a sua expressão mantinha-se séria, sem nenhum risinho abafado.
- De vista… ele sempre me provocou, desde os tempos no Liceu. Mas sempre o ignorei! Nunca lhe dei importância… mas desta vez…
Jaden respirou fundo, apoiando-se no lavatório. Fechou os olhos, e por segundos vislumbrou os seus braços, quentes, a empurrarem o peito colega para bem longe da árvore onde se encontravam. Sentia-se fora de si naquela altura, como se nem estivesse a agir de forma racional. Os seus braços pareceram mover-se mecanicamente, e o fogo que os percorreu fê-lo abrir os olhos. Durante instantes reviveu todo aquele acontecimento ocorrido haviam minutos. Como seria aquilo possível? Como é que conseguiu lançar o rapaz para longe e pô-lo inconsciente? Algo inexplicável… um Força inexplicável?
4 comentários:
*morre*
ESTOU COMPLETAMENTE SIDERADO!
Tipo, isto tá perfeito!
Descreves as situações de uma maneira brutal, parece mesmo que estamos a viver aquilo, ali, naquele momento, com as mesmas emoções. Dá cada vez mais vontade de ler porque tipo, o teu tipo de escrita, faz como acabemos por nos reconhecer na historia, nos gestos, são coisas que fazemos durante o dia a dia e tu escreves de uma maneira tão brutal que nos faz lembrar mesmo quando somos nós a passar pelas coisas, e não apenas uma história.
Ok, eu sei que isto está confuso, mas espero que tenhas percebido xD
Adorei completamente este capítulo. Sabes que os outros tambem assim o foram mas neste, dada a estrondosa stiuação que crias-te conseguimos peceber tal e quando como ele se sentia e tu conseguis-te entrar muito bem no papel dele e transmitir-nos todo o seu sofrimento, toda a sua dúvida e receio (a mágua) que ele sentia!
Quero mesmo ler o próximo e descobrir o que mais irá acontecer!!!!!!!
SUPER ANSIOSO!
concordo plenamente com o desi, é fantástico a forma como descreves as situações, eu mesmo senti a furia do jaden no episodio anterior e agora aquela calma que começava a sentir. Porem tenho que confessar, culpa hã, nem por isso. lol
:) :) :)
Muito fixe!!!
O Jaden e o Nathan estão a ficar cada vez mais amigos :D
Vou já já ler o próximo!
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