11º Capítulo - Fogo Interior


- A sério Nathan, tu devias superar esse teu problema com aquele rapaz!
Jaden voltou a colocar o livro de Análise Matemática numa estante perto da mesa onde tinham estado e saiu rapidamente da biblioteca, com Nathan atrás de si, num passo atropelado e inábil.
- Mas será que tu viste o que eu vi? Aquele… pronto, tu sabes… estava a olhar-te como se fosses uma miúda gira! Tirando a parte de ele não estar babado ou coisa assim…
Jaden franziu o sobrolho e olhou de soslaio por cima do ombro, para se certificar que o rapaz não vinha atrás de si, pois, embora o negasse, sentia receio que ele quisesse alguma coisa de si.
- Se eu fosse a ti não o olhava nos olhos! Se evitares o contacto visual….
Foi então que sentiu um fogo a eclodir dentro de si, que o fez levantar o tom da sua voz e parar no meio do corredor, fitando Nathan com os olhos semicerrados e com o rosto vermelho.
- MAS TU ÉS CAPAZ DE TE CALAR? Nunca te disseram que tu falas demais? Hem?


- Desculpa eu…
- Vou-me embora…
Jaden deixou Nathan estupefacto no meio do corredor e saiu de rompante pela porta da entrada. Ia ter mais aulas mas não tinha a mínima paciência para ficar fechado numa sala de aula durante mais duas horas. Por momentos estranhou aquela irritação repentina. Achara-se calmo antes de sair da biblioteca, por isso não conseguira arranjar um motivo para se sentir assim. Mas a sua cólera era mais forte do que tudo, fazendo-o andar bruscamente pelas ruas, em direção a casa. O sangue afluía-lhe à cabeça, e mantinha os punhos cerrados. Respirava descompassadamente, enquanto dava passos largos pela calçada da cidade, ignorando os carros que eram obrigados a travar repentinamente por sua causa.


Por outro lado, Nathan, depois de ter sido deparado com aquela mudança de humor do colega, permaneceu no mesmo sítio onde tinha parado, com uma expressão ausente a olhar para as pessoas que iam saindo das salas. Vagueou pelo corredor encaminhando-se para o bar, onde se encontrava Daisy e estudar numa mesa longe da confusão. Por momentos os seus olhos castanhos como amêndoas arregalaram-se ao vê-la, e andou vagarosa e desajeitadamente na sua direção.
- Eu sou tão estúpido! Tão estúpido! – repetiu, enquanto se sentava em frente de Daisy e entrelaçava os dedos nos seus cabelos ruivos.


- O que se passa? – inquiriu Daisy, arqueando as sobrancelhas.
- O Jaden irritou-se comigo!
A sua expressão triste assemelhava-se á de uma criança desesperada por um doce, tal era o seu olhar brilhante de lágrimas.
- Mas porquê?
- Se queres que te diga, nem me lembro. Acho que congelei. Eu comecei a comentar os comportamentos estranhos de um rapaz estranho, e comparei o seu olhar compulsivo a um de um homem que olha para uma mulher gira… não parece nada de mais, mas foi o suficiente para eu perder um amigo.
- Ele era teu amigo? – perguntou Daisy, com desdém, mas ao reparar no olhar desesperado de Nathan precipitou-se a dizer. – Desculpa! Realmente não parece dele irritar-se assim. Ele sempre foi tão calmo… teve sempre sangue frio com as coisas, não percebo. Tens a certeza que foi apenas isso que disseste?


- Juro pela alma da minha avozinha!
- Vais ver que amanhã já vai estar tudo bem! – apressou-se Daisy a dizer, esboçando um sorriso doce enquanto fechava o seu dossier.




Na manhã seguinte, Jaden levantou-se mais cedo do que o habitual. O sol ainda mal espreitava por detrás dos montes gelados de Coast City, e a casa permanecia num silêncio tenebroso, como uma sala à prova de som. Ao contrário de todas as manhãs anteriores, em que acordava faminto, naquele dia o seu estômago parecia retorcer-se tal era o nó que o suturava por completo.
Vestiu-se e saiu de casa calmamente. O ar da manhã que ainda cobria as ruas era frio e profundo, proporcionando a Jaden uma estranha sensação de tranquilidade. Porém, a sua cabeça permanecia num autêntico turbilhão de pensamentos sobre o dia anterior. Estava ciente que não fora, na realidade, Nathan que o irritara naquela altura, mas sim uma raiva inexplicável que irrompeu de dentro de si. Não conseguia arranjar uma razão para a sua origem.
Caminhava pelas ruas da cidade, que se achavam completamente vazias. Os reclames luminosos de bares e lojas permaneciam acesos, iluminando a calçada com um espectro de cores. Uma suave brisa gelada fustigou-lhe o rosto, causando-lhe um arrepio que lhe trepou pelas entranhas.
E quando deu por si estava junto de um campo de basebol meio abandonado, com vista para o rio que dividia a cidade. A relva fresca e húmida, a sugerir uma bela tarde de verão, contrastava com a densa neblina e a temperatura baixa que fazia lembrar uma típica manhã de inverno. O grande holofote do campo de basebol mantinha-se aceso, devido à pouca luminosidade. O sol espreitava muito timidamente, emitindo uma luz ténue e apagada.


Jaden só via um palmo à frente dos seus olhos, devido ao carregado nevoeiro, e foi quase às apalpadelas que se encaminhou para as bancadas. Estas encontravam-se cobertas por uma fina camada de gelo, que derretia lentamente e escorria pelas cadeiras abaixo, pigmentando o cimento do chão de um cinzento mais escuro. Jaden friccionou as mãos, soprando-lhes energeticamente com esperança que o ar quente que saía da sua boca as aquecesse. O corpo tremia-lhe descompassadamente dentro do blusão e das calças de ganga.
Subitamente, para além do nevoeiro que começava a atenuar, viu uma figura humana caminhar em círculos contínuos. Desconfiando que era do frio, esfregou com energia os olhos. Mas a figura, que Jaden via agora ser um rapaz da sua idade, continuava ali. Atordoado, levantou-se do assento onde se acomodara. Pensava que, àquela hora e com aquele nevoeiro, ninguém seria suficientemente idiota para sair de casa e ir para um campo de basebol. Só ele. “Talvez queira regar o campo”, pensou Jaden, descendo as escadas com cautela devido a humidade. “Ou se calhar quer pedir alguma informação”. Fosse quem fosse, dirigia-se claramente a ele com um ar interessado, de quem não conhecia mas queria conhecer.

5 comentários:

Anônimo disse...

UIIIIII! Estou super curioso para saber quem ali estava! Meu deus, publica rapidamente o proximo e aquela cena inicia foi sem duvida a "marca" como a do Voldemort :P xd xd fez-me lembrar o Jacob na Lua Nova! É A MARCA SEM DUVIDA! Mais uma serie exelente com chances de ir (e claro que vai) aos Goldem Glob xd:P! quero mais

mmoedinhas disse...

JADEN! FOSTE MAU PRO NATHAN! anda ca amor, nathan, pronto ta tudo bem, ta tudo bem , ele nao tava a pensar direito, deve ter sido a marca, pronto ja passou *abraça Nathan carinhosamente e faz festinhas na cabeça dele*
MAS QUE PORRAS? QUEM TA NO CAMPOOO? QUEEEEM!!!! Paras mesmo ali! E mesmo pra matar de coraçao nao é? Será que é o senhor ANONimo?

João disse...

OMG OMG OMG OMG! *morre* *caput*
HAAAAAAAAAAA! ASSASSINO! SAI SAI SAI DEMÓNIO!
*faz macumba*
E tipo, aquela irritação tem a ver com a marca, de CERTEZA! EU SEI!
MUAHAHAHAHA!
(ok, eu estou a morrer de cansaço, mas ainda escrevo cenas assim, devo estar mesmo mal xDD)

Continua, plzzz! Está amazing!

Mr.Lis disse...

Muito fixe!
Esse rapaz deve ter alguma coisa a ver com o portal, estou ansioso de saber o que vai acontecer no próximo episódio!

Infinity Sims disse...

Vou já ler o próximo episódio, tinhas de acabar logo aqui! LOL
quem será que anda ali!!! Vou já saber, hahahaha.

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