A primeira aula tinha passado incrivelmente rápido. Jaden sempre gostara de Técnicas Contabilísticas, sendo o aluno mais participativo em todas essas aulas. Mal saiu da sala, o corredor outrora vazio, encontrava-se apinhado de alunos que se sentavam no chão a ler livros ou que apenas se dirigiam apressados para o bar. Assim como vários professores se espremiam no meio da multidão com dificuldade.
Mas quando deu por si, Jaden já se encontrava mergulhado numa onda de pensamentos, fazendo com que as milhentas vozes que se faziam ouvir naquele corredor não passassem de meros e distantes ruídos na sua cabeça. Incomodado com aquele mar de gente, dirigiu-se para o pátio e refugiou-se na sombra de uma árvore, retirando da mala um jornal que tinha comprado no Quiosque perto de sua casa e que nunca tinha chegado a entregar ao seu pai.
Desdobrou-o, e logo na primeira página encontrava-se um cabeçalho com letras gordas e vistosas: “Temperaturas podem atingir os 50ºC esta semana”. Indiferente àquela notícia, que devia ser estrondosa e preocupante, revirou os olhos e começou a ler as notícias das páginas seguintes.
Numa fração de segundo, uma pequena e quase imperceptível brisa fresca fustigou o seu rosto, mas o calor acabou por abafá-la rapidamente, levando-o novamente ao sufoco de sentir aquele ardor a incidir-lhe na pele, embora estivesse abrigado numa sombra.
As aulas seguintes não passaram tão depressa como a primeira. Talvez fosse do calor que se ia intensificando à medida que o tempo decorria, ou pelo simples facto de se encontrar cansado logo no início do dia.
À hora de almoço, não demorou muito tempo até o refeitório ficar completamente cheio de gente apressada. Numa mesa junto à janela, Daisy encontrava-se sozinha, a comer o seu almoço light habitual.
- Vejo que ainda fazes dieta… - disse Jaden, pousando o tabuleiro na sua mesa.
Daisy sorriu levemente, enquanto limpava os lábios com um guardanapo.
- Não é dieta. Comer de forma saudável não faz mal nenhum a ninguém!
- Mas não deixa de ser uma dieta! – ripostou Jaden, com um sorriso genuíno, dando uma grande dentada numa sandes de atum. – Então como é que estás?
- Estou bem. Estou apenas um pouco cansada, nada de mais.
- Já somos dois! Mas deixa lá, acho que deve ser do calor. Quando o tempo começar a arrefecer já temos mais energia!
Daisy fez um sorriso amarelo e olhou para o antebraço de Jaden, mudando rapidamente a sua expressão.
- A sério, Jaden, devias ir a um dermatologista! – exclamou, olhando Jaden com uma expressão apreensiva.
- Para quê? Para me dizerem o que eu já sei? “Não podes apanhar sol nessa parte do braço” ou “Protetor solar de valor máximo nessa zona”?
- Se já soubesses seguias esses conselhos!
Jaden teve uma sensação ligeiramente colérica ao ouvir aquelas repreensões por parte de Daisy. A sua mãe dizia precisamente o mesmo, e ainda assim ele ignorava por completo.
- Então e o que estás a achar deste ano? – perguntou Jaden, tentando mudar de assunto. – Difícil… fácil…?
- Médio. Tirando o facto de me encontrar completamente perdida em técnicas contabilísticas. No ano passado faltei a quase todos os módulos dessas aulas.
- Se quiseres dou-te explicações!
- E desde quando é que tu és bom a técnicas contabilísticas? – inquiriu Daisy, com uma expressão de gozo.
- Mais do que tu sou de certeza!
- Não. Prefiro que o meu pai me explique, obrigada! Bem, tenho de ir. Vemo-nos por aí.
Sorriu-lhe docemente e levantou-se com o seu tabuleiro já vazio. Por instantes, Jaden permaneceu a observá-la, enquanto deixava cair alface por entre as metades de pão da sandes. Sentiu uma estranha sensação de vergonha, embora Daisy já não estivesse naquele refeitório para gozar com ele.
Quando saiu da Universidade, o sol das 13:00H encandeou os seus olhos, obrigando-o a colocar um par de óculos de sol algures perdidos na sua mala. Ao longe viu Daisy a entrar no carro do seu pai, um homem de negócios e bem conhecido em toda a cidade. A sua expressão de indiferença ao ver a sua filha depois de um longo dia de trabalho incomodava Jaden de uma forma surreal. Mas Daisy não parecia importar-se com isso, e falava-lhe alegremente enquanto o pai sugava o seu cachimbo olhando para o nada. Na verdade, nem parecia minimamente interessado com o que a filha estaria supostamente a dizer, e rapidamente arrancou com o carro pela rua acima, em direção ao condomínio fechado em que viviam.
Do lado oposto do pátio, avistara Nathan. Um rapaz magro, com uma cara ossuda coberta de sardas e cabelo arruivado descomposto.
Jaden conhecia-o desde a escola primária, e desde esse tempo que o rapaz tem revelado uma certa obsessão por ele. Sempre tentara dar nas vistas para Jaden reparar nele, e fizera de tudo para conseguir ser seu amigo. Naquele dia ia ficar sozinho, como sucedia há tantos anos. O pai ficara com o turno da noite na fábrica de enlatados, e a mãe ia passar a noite com a avó, que adoecera mais uma vez e não queria, por isso, ficar sozinha em casa. Tornara-se muito comum ficar longos dias dependendo apenas de si. Geralmente, porque os pais ficavam a trabalhar até tarde. Aproveitava sempre bem os fins-de-semana e as tardes de folga com os pais, momentos em que lhes punha ao corrente dos seus estudos.
Apesar da distância de que sofria tantas vezes, via nos pais dois grandes exemplos de vida. E sabia que eles trabalhavam muito para poderem assegurar o seu acesso à universidade. Mas não deixava de, humanamente, sentir-se sozinho. Às vezes, ligava a televisão e imaginava que, na pequena sala de estar, estavam os seus pais a conversar. Outras, observava os retratos da família que se espalhavam por toda a casa e tentava imaginar o que eles diriam nesse preciso momento se não passassem de simples fotos. Era nessas alturas que ia para a casa da avó, bordar almofadas e fazer bolos e bolachas para vender. Mas agora que Nathan andava na Universidade e já não passava as tardes a ver desenhos animados, tudo isso lhe parecia desagradavelmente desinteressante. Costumava, por isso, ler. Fazia-o por mero prazer, um hábito que a mãe lhe incutira quando não passava dos 6 anos. Também adorava filosofia. Discordava vivamente da opinião da maioria dos seus colegas, em como a filosofia era maçadora e sem nexo. Para ele, era muito mais que isso. Noutras ocasiões, gostava de séries policiais. Essa tarde não iria ser diferente. Após o almoço, encaminhou-se para sua casa, pelo que Jaden presumiu logo que ia passar o resto da tarde no meio de pilhas de livros sobre teorias filosóficas ou simplesmente a olhar para o teto, esticado no sofá. Já o conhecia há vários anos.
Mas quando deu por si, Jaden já se encontrava mergulhado numa onda de pensamentos, fazendo com que as milhentas vozes que se faziam ouvir naquele corredor não passassem de meros e distantes ruídos na sua cabeça. Incomodado com aquele mar de gente, dirigiu-se para o pátio e refugiou-se na sombra de uma árvore, retirando da mala um jornal que tinha comprado no Quiosque perto de sua casa e que nunca tinha chegado a entregar ao seu pai.
Desdobrou-o, e logo na primeira página encontrava-se um cabeçalho com letras gordas e vistosas: “Temperaturas podem atingir os 50ºC esta semana”. Indiferente àquela notícia, que devia ser estrondosa e preocupante, revirou os olhos e começou a ler as notícias das páginas seguintes.
Numa fração de segundo, uma pequena e quase imperceptível brisa fresca fustigou o seu rosto, mas o calor acabou por abafá-la rapidamente, levando-o novamente ao sufoco de sentir aquele ardor a incidir-lhe na pele, embora estivesse abrigado numa sombra.
As aulas seguintes não passaram tão depressa como a primeira. Talvez fosse do calor que se ia intensificando à medida que o tempo decorria, ou pelo simples facto de se encontrar cansado logo no início do dia.
À hora de almoço, não demorou muito tempo até o refeitório ficar completamente cheio de gente apressada. Numa mesa junto à janela, Daisy encontrava-se sozinha, a comer o seu almoço light habitual.
- Vejo que ainda fazes dieta… - disse Jaden, pousando o tabuleiro na sua mesa.
Daisy sorriu levemente, enquanto limpava os lábios com um guardanapo.
- Não é dieta. Comer de forma saudável não faz mal nenhum a ninguém!
- Mas não deixa de ser uma dieta! – ripostou Jaden, com um sorriso genuíno, dando uma grande dentada numa sandes de atum. – Então como é que estás?
- Estou bem. Estou apenas um pouco cansada, nada de mais.
- Já somos dois! Mas deixa lá, acho que deve ser do calor. Quando o tempo começar a arrefecer já temos mais energia!
Daisy fez um sorriso amarelo e olhou para o antebraço de Jaden, mudando rapidamente a sua expressão.
- A sério, Jaden, devias ir a um dermatologista! – exclamou, olhando Jaden com uma expressão apreensiva.
- Para quê? Para me dizerem o que eu já sei? “Não podes apanhar sol nessa parte do braço” ou “Protetor solar de valor máximo nessa zona”?
- Se já soubesses seguias esses conselhos!
Jaden teve uma sensação ligeiramente colérica ao ouvir aquelas repreensões por parte de Daisy. A sua mãe dizia precisamente o mesmo, e ainda assim ele ignorava por completo.
- Então e o que estás a achar deste ano? – perguntou Jaden, tentando mudar de assunto. – Difícil… fácil…?
- Médio. Tirando o facto de me encontrar completamente perdida em técnicas contabilísticas. No ano passado faltei a quase todos os módulos dessas aulas.
- Se quiseres dou-te explicações!
- E desde quando é que tu és bom a técnicas contabilísticas? – inquiriu Daisy, com uma expressão de gozo.
- Mais do que tu sou de certeza!
- Não. Prefiro que o meu pai me explique, obrigada! Bem, tenho de ir. Vemo-nos por aí.
Sorriu-lhe docemente e levantou-se com o seu tabuleiro já vazio. Por instantes, Jaden permaneceu a observá-la, enquanto deixava cair alface por entre as metades de pão da sandes. Sentiu uma estranha sensação de vergonha, embora Daisy já não estivesse naquele refeitório para gozar com ele.
Quando saiu da Universidade, o sol das 13:00H encandeou os seus olhos, obrigando-o a colocar um par de óculos de sol algures perdidos na sua mala. Ao longe viu Daisy a entrar no carro do seu pai, um homem de negócios e bem conhecido em toda a cidade. A sua expressão de indiferença ao ver a sua filha depois de um longo dia de trabalho incomodava Jaden de uma forma surreal. Mas Daisy não parecia importar-se com isso, e falava-lhe alegremente enquanto o pai sugava o seu cachimbo olhando para o nada. Na verdade, nem parecia minimamente interessado com o que a filha estaria supostamente a dizer, e rapidamente arrancou com o carro pela rua acima, em direção ao condomínio fechado em que viviam.
Do lado oposto do pátio, avistara Nathan. Um rapaz magro, com uma cara ossuda coberta de sardas e cabelo arruivado descomposto.
Jaden conhecia-o desde a escola primária, e desde esse tempo que o rapaz tem revelado uma certa obsessão por ele. Sempre tentara dar nas vistas para Jaden reparar nele, e fizera de tudo para conseguir ser seu amigo. Naquele dia ia ficar sozinho, como sucedia há tantos anos. O pai ficara com o turno da noite na fábrica de enlatados, e a mãe ia passar a noite com a avó, que adoecera mais uma vez e não queria, por isso, ficar sozinha em casa. Tornara-se muito comum ficar longos dias dependendo apenas de si. Geralmente, porque os pais ficavam a trabalhar até tarde. Aproveitava sempre bem os fins-de-semana e as tardes de folga com os pais, momentos em que lhes punha ao corrente dos seus estudos.
Apesar da distância de que sofria tantas vezes, via nos pais dois grandes exemplos de vida. E sabia que eles trabalhavam muito para poderem assegurar o seu acesso à universidade. Mas não deixava de, humanamente, sentir-se sozinho. Às vezes, ligava a televisão e imaginava que, na pequena sala de estar, estavam os seus pais a conversar. Outras, observava os retratos da família que se espalhavam por toda a casa e tentava imaginar o que eles diriam nesse preciso momento se não passassem de simples fotos. Era nessas alturas que ia para a casa da avó, bordar almofadas e fazer bolos e bolachas para vender. Mas agora que Nathan andava na Universidade e já não passava as tardes a ver desenhos animados, tudo isso lhe parecia desagradavelmente desinteressante. Costumava, por isso, ler. Fazia-o por mero prazer, um hábito que a mãe lhe incutira quando não passava dos 6 anos. Também adorava filosofia. Discordava vivamente da opinião da maioria dos seus colegas, em como a filosofia era maçadora e sem nexo. Para ele, era muito mais que isso. Noutras ocasiões, gostava de séries policiais. Essa tarde não iria ser diferente. Após o almoço, encaminhou-se para sua casa, pelo que Jaden presumiu logo que ia passar o resto da tarde no meio de pilhas de livros sobre teorias filosóficas ou simplesmente a olhar para o teto, esticado no sofá. Já o conhecia há vários anos.
11 comentários:
Simplesmente perfeito! Quantas vezes é que já disse isto? Sei lá! xD
Mas é verdade! A série está mesmo muito fixe, e amei a descrição do Nathan, estava muito boa mesmo. :D
Se bem que a Daisy me pareceu um bocado cabra, mas pronto xD
Continua plzz! :D
Outro capítulo PERFEITO!
Ok , a Daisy deixou-me um bocadinhoo confusa... em primeiro parecia ser porreira e depois poe-se a gozar com ele ?! ( wtf -.- )
Bem , está simplesmente fantástico este e todos os outros capitulos anteriores !
Ameeeeei tudo :3
Posta rapidoo por favooor !
Tudy eu não gostei desta serie...
Eu adorei amei tu a fazer serie és o maior de todos la da comunidade!!!
Xao eu espero por mais
Mais um capítulo apaixonante, a maneira como descreves cada pormenor é fantástico!!!
Este capítulo arrebentou com todas as escalas que possam existir (aliás todos os teus capítulos arrebentam com a escala xD)!!
Estás de parabéns, e já estou ansiosa para ler o 5º capítulo *-*
Ahhh, as imagens estavam igualmente maravilhosas!
A parte que me meteu mais confusão foi a da Daisy, não sabia que ela era assim com o Jaden, mas deve ser só na brincadeira (acho eu)!!! E também quem é que pode gozar com um rapaz tão querido xD
-> Parabéns, este capítulo está demais e esta série está a ser MARAVILHOSA ♥ ... Acho que esta é a série que mais gosto!!! Good job (:
Bjs,
Diana :)
Muito obrigado a todos! Ainda bem que gostaram!
Não censurem a Diasy xD Ela nao é rude para o Jaden, apenas disse aquilo na brincadeira! ;D
Mais uma vez obrigado,
Dan
Adorei!!! (como sempre..)
Bela personalidade, a da Daisy xD
É escusado falar do resto, porque acho que todos já disseram que está fantástico, e etc...
Agora é a minha vez: Está perfeito!! 5*, fabuloso, fantástico, ótimo, excelente, maravilhoso, superbo!! Mais..? :p
Ansiosa pelo 5º Capítulo!!
concordo com todos, completamente. esta série está um máximo! continua, estou ansiosa por ler o próximo capitulo ^^
Adorei estas três personages! Completamente! Fiquei a gostar bastante das três e a descrição do Nathan estáva muio bem feita! Via-se mesmo que ele o conhecia!
Espero por mais para ver onde vai este relacionamento dos três! Dou-te os parabéns! E espero por mais como sempre
Infelizmente só consegui ler agora...
Mas sim, está fantástico! Adorei :D
Cá para mim o Jaden gosta da Daizy, vamos la a ver o desenrolar da historia! XD
Ok, como em todos os capítulos as descrições e as fotos estavam perfeitas!
Amo os olhos do jaden, têm uma cor linda... Mas, quem me roubou o coração desta vez foi o Nathan... omgogmomgog, ele é tão parecido comigo, eu juro que me senti toda coisa quando tava a ler a descrição dele, ambos temos pais ausentes e eu sinto-me igualzinha a ele muitas vezes!
Nhaa, a Dayzi é mais ou menos... Preciso de ler mais para ver melhor como ela é e só depois ver se gosto dela ou não...
Ia dizer ansiosa, mas já tenho aqui outro pra ler xD
Bora ler o proximo!
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