O Palácio de Melih Kibar, situado num penhasco sobranceiro ao mar inconstante movido pelas chuvas torrenciais que assolavam toda a cidade, as suas grandes torres a rasgar o céu negro como o breu, ficava apenas a poucos metros de distância do homem que se arrastava pela terra molhada e pela pedra áspera e cortante que lhe abria golpes nos braços e no seu peito que arfava convulsivamente. Os seus olhos, outrora vermelhos vivos, encontravam-se apagados e mais foscos do que nunca. O seu cabelo descomposto e a sua roupa rasgada faziam com que parecesse nada mais do que um sem-abrigo. A chuva forte fustigava-lhe o rosto sujo de lama, e os relâmpagos constantes iluminavam intermitentemente o seu corpo débil e vulnerável.
- Código de segurança… - ordenou um dos guardas que vigiava o portão da frente do palácio, com a sua voz autoritária.
- Você faz ideia de quem eu sou? – vociferou o homem, ainda a rastejar pelo chão, mirando o guarda com o seu olhar intimidador, ainda que apagado.
O porteiro sobressaltou-se, olhando para o corpo que praticamente se estendia aos seus pés.
- Abraxaz? Depressa, abre o portão! – e outro guarda correu desajeitadamente para o portão colossal de cobre, que não demorou muito tempo até revolver as suas grades e transformar-se num arco autêntico. – A Princesa Radiah não vai gostar nada disto…
- O problema é meu, seu imbecil! Deixa-me passar!
E dito isto, levantou-se repentinamente no chão e cambaleou até ao interior do palácio, rumo ao salão do trono. Neste, a escuridão era quase igual à do céu tempestuoso que cobria todo o reino. Virada para um candeeiro que brotava uma chama imensa que iluminava quase toda a sala, encontrava-se Radiah, os seus cabelos negros e longos, com os reflexos vermelhos tremeluzentes a ondularem da raiz até às pontas, como serpentes.
Virou-se para trás lentamente, e quando encarou Abraxaz, o seu estado era pior do que o dos seus servos, soltou uma gargalhada de escárnio que assustou a maioria dos presentes.
- Espero que me tragas boas notícias, Abraxaz… para voltares tão cedo.
- Na verdade…
- Diz-me… diz-me, seu grande cobarde… diz-me, por favor, que o Traham Suryah está lá fora, neste momento, à espera de ser degolado pela minha própria adaga!
- As notícias não são assim tão boas…
- ENTÃO COMO! COMO É QUE TE ATREVES A VOLTAR AQUI, QUANDO EU TE DISSE CLARAMENTE QUE SÓ VOLTAVAS A COLOCAR AQUI OS TEUS PÉS QUANDO O TIVESSES!
A sua voz aguda, porém penetrante, ressoou por todo o salão, as chamas dos candeeiros a perderem a sua força ígnea, e os servos a limparem mais avidamente o chão.
- Ele estava à minha mercê! – tentou Abraxaz desculpar-se, os seus olhos desvanecidos a olhar fixamente para o chão de mármore preto.
- És tal e qual a sonsa da minha irmã! Um fraco!
- O Anon chegou no preciso momento em que eu estava prestes a matá-lo… e aí travámos uma batalha quase até à morte… como podes ver o meu… estado…
- Devias ter morrido! Devias ter morrido em vez de te ajoelhares perante mim a arranjar desculpa para o teu erro! Cobarde… nem um miúdo como aquele Anon conseguiste aniquilar. Tu sabes que se o Traham Suryah souber da Profecia acaba-se tudo! Não sabes, Abraxaz?
Perante o tom de voz impressionantemente assustado de Radiah, Abraxaz levantou-se, agora mais empertigado e com uma expressão mais confiante.
- Estarei a notar medo? – soltou uma gargalhada que nem se percebia ser de triunfo ou receio. – A mulher que já superou todos os obstáculos? Foi graças a teres superados esses obstáculos que estás aí, nesse trono, a governar um reino que te venera! E brevemente um Império inteiro! Nem tudo está perdido, Radiah…
- O que é que sugeres? Um plano? Queres traçar um plano para sair novamente furado? Para isso mais vale matar-te de uma vez…
- O Anon não é estúpido… ele vai perceber que mais tarde ou mais cedo o Traham Suryah vai ter que ser levado para aqui. E quando ele vier para cá, vai ser acolhido pelas Guerreiras de Olyan, quase de certeza. Basta encontrarmos o esconderijo delas, e matá-lo!
Radiah aproximou-se de Abraxaz, o seu olhar vermelho vivo a mirá-lo de alto abaixo. As suas mãos pousaram no seu peito musculado, e os seus lábios tocaram no seu pescoço.
- Então quando ele cá estiver… vais fazer esforços sem precedentes para o encontrar e trazê-lo até mim, para eu acabar com isto de uma vez por todas. Caso contrário… - as suas longas unhas pretas arranharam o seu braço ferido, fazendo Abraxaz soltar um esgar de dor - …sabes as consequências… e seria uma pena, não achas? Matar o meu próprio marido… Quem mais me iria dar aquele… alento que todas as mulheres precisam quando estão em baixo, hum? – e a sua mão voltou a percorrer o seu pescoço, os seus lábios a rasparem nos de Abraxaz. – Seria uma pena desperdiçar-te…
- Não te deixarei ficar mal… - disse Abraxaz, o seu olhar agora mais aceso e vivo.
- Ótimo. Era isso que queria ouvir… o nosso trabalho ainda não está acabado…
4 comentários:
Que grande CABRA! Ai meu deus, quem merece morrer e essa gaja :X
YH concordo com o lis...Que grande *****
Mais um episodio 5 estrelas
hfdjahdjkfasdhagh OMG! A sério! Ela é tão cabra, tão puta, tão odiosa! *dá tiro* CABRA CABRA PUTA! *patada na boca* MOOOORRRREEEE!!! *pisa a focinha da Radiah* ISSO! ESTÚPIDA!
PAHAHAHAHHAHA adoro fazer isto xD
E, como sempre, está perfeito, adorei as descrições. Tipo, a história passou toda pela minha cabeça como um filme, na perfeição, sem nenhuma falha. A maneira como escreveste os diálogos da Radiah está mesmo bem, mostra muito bem a personalidade, mas nãos ei, pareceu-me que ela, por dentro, também é um bocado insegura. Digo isto por causa da reacçãod ela, ficou tipo, super irritada mas ao mesmo tempo toda nervosa, do género, se falha uma coisinha de nada, ela lixa-se.
Parece que o reinado dela e tudo o que ela tem está num limbo, muito inclinado para cair :O
Ah, e adorei a descrição do castelo, estava mesmo brutal. Estava tão bem que nem me importava de ir lá, mesmo sendo um antro de perdição e horrores :O
Continua assim :D
OKis, não me batam, mas... Será que sou a unica... a gostar da radiah? *leva tiro* Opah, não tenho culpa! Eu adoro sempre as más! E a Radiah! Opá não sei, mas ela é mesmo má, mesmo vibora hihihihih granda personalidade! Eu adoro personagens com personalidade! :D
Mas ela matou o pai... Isso não Radiah! Menina feia! *da patada* *leva facada em troca*
*rasteja no chao*MESMO QUE ME BATAS CONTINUO A GOSTAR DE TI LINDA *leva com feitiço*
*morre* *abraax enconlhe os ombros e da pontape e faz com que matilde role do cenário* *abraax e radiah fazem smexy smex em cima do trono*
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