37º Capítulo – O Ressentimento de Nathan


No dia seguinte, a manhã despertara com uma chuva intensa. A trovoada ruidosa sobressaltou Jaden, que acordou de um salto. O seu quarto estava escuro, apenas pela fresta da sua porta entreaberta penetrava uma luz dourada subtil que presumiu virem da sala. Ainda a cambalear e sonolento, encaminhou-se para a porta do quarto e abriu-a. Incrivelmente, o resto da casa encontrava-se tão ou mais escuro que o seu quarto, mas a luz dourada continuava a fustigar-lhe o rosto. Andou pelo hall de entrada, onde o clarão se intensificava ainda mais, e quando chegou até à porta do quarto dos seus pais, um ruído eclodiu atrás de si. Olhou para trás. Ali, sob o chão de madeira envernizada, encontrava-se um velho, com uma longa barba e com o corpo esguio e magro. A expressão que se esculpia na sua face rugosa transparecia cansaço e ao mesmo tempo tristeza. Jaden deu um pulo e encostou-se à parede, a luz dourada a incidir sobre o velho.
- Olá, Jaden! – cumprimentou o velho, a sua voz delicada e rouca penetrou pelos ouvidos de Jaden de tal forma, que ecoou pelo seu cérebro, fazendo-o abrir os olhos.
Encontrava-se de novo deitado, não se ouvia chuva, e o quarto já não estava escuro e sombrio. Em vez disso, os estores estavam abertos até cima, deixando o sol de inverno inundar o quarto com uma luz amarela, aquecendo-o ligeiramente.
- Bom dia, meu querido! – saudou a sua mãe, dando-lhe um beijo na testa. – Que cara é essa?
- Não… não foi nada. Tive um sonho um pouco estranho. Oh meu Deus! Olha as horas! Tenho de me despachar!
E com isto, vestiu-se rapidamente e encaminhou-se para a cozinha, tirando o pacote de leite do frigorífico e bebendo diretamente.


- Oh Jaden! Eu já te disse para não beberes pelo pacote! – ralhou a mãe, entrando de rompante pela cozinha - Não és o único a beber leite nesta casa sabias?
- Isto já está no fim, mãe! O pai?
- Saiu mais cedo… hoje tinha uma reunião com os acionistas lá da empresa e precisava de estar lá mais cedo. E eu também já estou um pouco atrasada!


Jaden deu um beijo na testa da sua mãe e saiu de casa a correr, montando na sua mota e dirigindo-se para a universidade. O primeiro bloco da manhã passou-se calmamente. Uma vez mais, Jaden não conseguiu avistar Nathan em lado nenhum, o que o levou a pensar que talvez o colega o estivesse a evitar desde o baile de gala. Não seria normal faltar durante tantos dias às aulas. Mas por outro lado, tinha Daisy, que se tornara quase a única razão da sua vontade de ir à universidade. Cada dia que passava sentia-se mais atraído pela sua maneira graciosa e gentil de falar, a sua beleza que parecia aperfeiçoar-se de dia para dia e a sua sensibilidade.
Quando chegou a hora de almoço, Jaden dirigiu-se ao bar. Por uma fração de segundo, deu por si a pensar em Anon, e que a hora do seu encontro com ele se estava a aproximar a olhos vistos, coisa que não lhe agradava nada. Ainda não tivera tempo de digerir toda a informação que lhe tinha sido dada na tarde anterior. Apesar daquilo parecer tão real, ainda dava por si a pensar que aquilo podia não passar de um sonho, e Anon, Abraxaz e aquela noite na floresta podiam nunca ter existido. Mas os seus pensamentos foram logo interrompidos por Daisy.
- Jaden! Aqui! – chamou, amontoando o telemóvel na mala e levantando-se para lhe dar um beijo.
- Olá! Então, não era suposto já estares em casa?
- Era… mas como a Hannah não veio à última aula, resolvi ficar aqui á tua espera.


Jaden sorriu, verdadeiramente satisfeito por Daisy ter ficado à sua espera. O frio que se começava a fazer sentir enregelou-lhe a cara, tornando-a flácida e áspera.
- Não era preciso ficares à espera, não tenho medo de ir para casa sozinho – disse Jaden, fazendo uma careta pela sua piada sem graça.
Daisy soltou uma gargalhada, ao mesmo tempo que ficava a olhá-lo nos seus olhos azuis, acariciando-lhe o rosto. Ficava bonita a rir-se; as suas bochechas subitamente vermelhas como um pimentão a contrastar com o cabelo loiro. Jaden começou também a rir-se. De repente, pareciam duas crianças a rirem-se desalmadamente.
- Essa foi boa! – comentou Daisy, ainda a rir-se.
- Juro que não sei como te riste daquilo! – exclamou Jaden – Geralmente, quando eu dizia piadas secas, fulminavas-me com o olhar!
- Acho que o meu amor por ti fez com que as tuas piadas secas tivessem graça…
Jaden observou os seus lindos olhos azuis. Tinham um brilho anormal, que lhe fazia lembrar uma piscina de água cristalina e fresca. Sem dar por isso, perdeu-se no seu olhar. No segundo seguinte, sentiu o perfume doce de Daisy intensificar-se à medida que ela se aproximava.


A sua boca tocou a dela. Encaixaram-se na perfeição como duas peças de puzzle. Já não importava mais nada. Só queriam continuar. O sentimento tomou conta de ambos, os corpos a envolverem-se cada vez mais numa luta contínua. As mãos acariciavam a cara, o cabelo, o corpo… a paixão envolvia-os num círculo que não queriam ver quebrado.



Os lábios separaram-se lentamente, ambos abriram os olhos e sorriram. Jaden coçou a testa com uma peculiar voracidade. Já Daisy ajeitou o cabelo e a roupa, com um sorriso resplandecente. De repente, esta fez desaparecer o sorriso da sua cara tão rápido como ele tinha surgido. Jaden olhou para onde a rapariga olhava, confuso com a súbita mudança de expressão dela.
A uns escassos metros deles, estava Nathan. O cabelo ruivo estava bastante despenteado, mas não era isso o que mais chamava a atenção. O colega tinha uma expressão vazia, desiludida, como se tivesse acabado de ser traído pelos seus melhores amigos.


Talvez era exactamente isso que estava a acontecer, pensou Jaden. Nathan olhou, ora para Jaden, ora para Daisy e, de seguida, num passo bastante acelerado, começou a andar.
- Vou atrás dele – anunciou Jaden.
- Não! – negou-lhe Daisy, puxando-lhe firmemente o braço – Sabes como ele é infantil e exagerado. Deixa-o que o amuo já lhe passa.
Jaden olhou para o local onde há poucos segundos estivera Nathan. Apesar de saber que Daisy tinha razão, não deixava de ficar preocupado. Nathan era um rapaz descontraído, raramente ficava triste ou preocupado. O que quer que tivesse sido que o deixara naquele estado tinha que ser mesmo grave.
- Esquece-o, Jaden. Já é altura de ele crescer e deixar de ser a criança que é. Estou saturada dos amuos ridículos dele! – murmurou Daisy, desdenhosamente – Podemos ou não aproveitar este tempo só para nós?

4 comentários:

Mr.Lis disse...

Possa, então o Nathan só foi para o pe deles no principio da serie para se aproximar da Daisy porque ele gosta dela, e isso não pode ser :< Só espero que não haja grande confusão :z
Não digo que ele não quis também ser amigo do Jaden, mas acho que foi mais por ela...

Fico a espera do próximo episódio!

Anônimo disse...

Eia! Certo, a partir deste capítulo já posso dizer oficialmente que odeio a Daisy!
Os momentos de romance que crias-te foram perfeitos bem como no capítulo anterior pk ainda consegui imaginar umas 3 falas de dialogo com um ligeiro clima de romance.
Adoreiii. espero por mais :D

João disse...

:O Porque é que a cabra da Daisy foi tão horrível mas eu gostei? MUAHAHAHAHAHAH Estou a começar a adorar aquela gaja. quanto mais cabra for, melhor *cara maléfica*

E, como sempre, está mesmo brutal. o ambiente que criaste entre aqueles dois estava mesmo brutal, notava-se que havia muita química. Ah, e as fotos que tiraste ilustraram mesmo muito bem as cenas que escreveste, dei um clima ainda melhor.

Ah, e as últimas linhas da Daisy estavam mesmo brutais, ela toda super hiper mega cabra a falar do Nathan. MUAHAHAHAHAH continua assim que eu quero ver a Daisy em acção xD

mmoedinhas disse...

Daisy SUA CABRA MAL CHEIROSA DUM RAIO! SEU MONTE DE MEEERDA! Eu nunca gostei de ti. Eu NUNCA irei gostar de ti. NUNCA NUNCA NUNCA NUNCA SEU MONTE DE CACA VERDE COM BOLOR!
Continuando, momentos romanticos pffft
Nathan, ela não te merece a sério! Ela é ma! Muito má! Não fiques triste ;_; *faz festinhas na cabeça do nathan*

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